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Autoridade do Professor na Sala de Aula da Escola BĂblica
- 24/05/2025
- 14:51
- Seminário Teológico Batista Goiano
- Goiânia-GO
AUTORIDADE DO PROFESSOR EM SALA DE AULA. As Escrituras como fundamento para ensinar
Pr. Genivaldo Félix
Começo afirmando, neste breve ensaio, que a autoridade do professor em sala de aula tem por fundamento as Escrituras, tanto do Antigo quanto do Novo Testamento. No processo de ensinar e aprender, ele compartilha o saber mediado por Deus, que é o autor de toda a verdade. Como nos ensina a Palavra: “Toda a Escritura é divinamente inspirada e proveitosa para ensinar, para repreender, para corrigir, para instruir em justiça; a fim de que o homem de Deus tenha capacidade e pleno preparo para realizar toda boa obra.” (2Tm 3.16-17)
O ensino cristĂŁo Ă©, portanto, um ministĂ©rio comissionado por Deus. A prĂłpria origem da palavra lecionar — do latim lectionare, que significa “dar lições” ou “ensinar” — aponta para essa vocação: fomos chamados com um propĂłsito, para o exercĂcio do ministĂ©rio cristĂŁo. O professor cristĂŁo comunica o evangelho “da parte de Deus, movido pelo EspĂrito Santo” (2Pe 1.21). É o EspĂrito quem ilumina nossa mente e coração para discernirmos e transmitirmos a verdade, pois: “A Palavra de Deus Ă© viva e eficaz, mais cortante que qualquer espada de dois gumes… e Ă© capaz de perceber os pensamentos e intenções do coração.” (Hb 4.12)
Ă€ luz das Escrituras, a autoridade do professor pressupõe que ele possui o dom do EspĂrito Santo, que concede dons espirituais tambĂ©m para o ensino. A motivação do professor Ă© o discipulado intencional e relacional, acompanhando o aprendiz em seu desenvolvimento espiritual. Uma igreja saudável investe na vida espiritual da membresia, e o ensino Ă© um meio vital nesse processo. A prática do professor deve estar centrada no evangelho de Jesus Cristo, a mensagem de salvação — dom de Deus para a transformação de vidas. O mesmo Deus que, no passado, falou pelos profetas, hoje nos fala pelo Filho: “Nestes Ăşltimos dias, porĂ©m, ele nos falou pelo Filho, a quem designou herdeiro de todas as coisas e por meio de quem tambĂ©m fez o universo.” (Hb 1.1-2). Dessa forma, a autoridade do professor Ă© espiritual. Ser discĂpulo — servo de Cristo — implica viver em submissĂŁo Ă vontade de Deus. A autoridade ministerial nĂŁo consiste em poder humano, mas em obediĂŞncia e dependĂŞncia de Deus. Como disse o apĂłstolo Paulo: “NĂŁo que sejamos capazes, por nĂłs mesmos, de pensar alguma coisa… mas a nossa capacidade vem de Deus.” (2Co 3.5)
A autoridade do professor Ă© confiável, pois procede de Deus. O conhecimento que o professor possui da Palavra promove uma compreensĂŁo mais profunda de Deus. Por isso, o apĂłstolo nos exorta: “Apresenteis o vosso corpo como sacrifĂcio vivo, santo e agradável a Deus… sede transformados pela renovação da vossa mente.” (Rm 12.1-2). A autoridade do professor Ă©, portanto, relacional. Quanto mais prĂłximo está de Deus, mais submisso está Ă Sua vontade. Ele vive em missĂŁo, reconhecendo que: “A vida eterna Ă© esta: que conheçam a ti, o Ăşnico Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” (Jo 17.3)
Concluo afirmando que o professor cristĂŁo ensina com autoridade porque está debaixo da autoridade do prĂłprio Cristo. Ele nĂŁo apenas transmite conhecimento, mas conduz seus alunos ao conhecimento de Deus, cumprindo sua missĂŁo como servo e testemunha do evangelho, revestido do poder do EspĂrito Santo: “Recebereis poder ao descer sobre vĂłs o EspĂrito Santo, e sereis minhas testemunhas…” (At 1.8)
AUTORIDADE DO PROFESSOR EM SALA DE AULA. Capacitado por Deus para a obra do ministério do ensino
 Pr. Genivaldo Félix
Assim nĂłs anunciamos Cristo a todas as pessoas. Com toda sabedoria possĂvel, aconselhamos e ensinamos cada pessoa, a fim de levar todos Ă presença de Deus como pessoas espiritualmente adultas e unidas com Cristo. (Colossenses 1.28) NTLHÂ
Este ensaio tem como objetivo compreender a autoridade do professor em sala de aula como elemento constitutivo de sua prática na escola bĂblica, um espaço de aprendizagem das Escrituras. A autoridade Ă© um atributo intrĂnseco ao papel do professor em sala de aula. A noção de autoridade do professor reconhece que Deus vem capacitando Sua igreja com poder, compaixĂŁo, graça e misericĂłrdia, Ă luz da Sua prĂłpria Palavra.
Há inĂşmeros exemplos, nas Escrituras, de personagens bĂblicos que o EspĂrito Santo usou com poder e autoridade vindos de Deus. A questĂŁo da autoridade está frequentemente ligada Ă inspiração das Escrituras (Mt 7.29). O prĂłprio Jesus “ensinava como quem tem autoridade”. A autoridade do professor em sala de aula nĂŁo se restringe apenas Ă sua capacidade pedagĂłgica, mas tambĂ©m Ă total dependĂŞncia do EspĂrito Santo para discernir, interpretar e aplicar as Escrituras Ă sua vida pessoal, espiritual e Ă dos aprendizes.
Considera-se que, ao indicar e eleger um corpo de professores para atuar na escola bĂblica, a igreja reconhece que estes possuem vocação e dons espirituais para o magistĂ©rio. Tal decisĂŁo qualifica o processo de ensino-aprendizagem e fortalece a regĂŞncia do professor em sala de aula. A liderança da igreja nĂŁo apenas estabelece critĂ©rios para constituir um corpo docente, mas tambĂ©m encontra nisso um motivo para interceder a Deus. Como alguĂ©m já disse: “A formação de uma comunidade Ă© a obra intrincada, paciente e dolorosa do EspĂrito Santo.” O apĂłstolo Paulo orou pelos cristĂŁos de Éfeso, para “que o Deus de nosso Senhor Jesus Cristo, o Pai da glĂłria, vos conceda o EspĂrito de sabedoria e de revelação no conhecimento d’Ele, sendo iluminados os olhos do vosso coração, para saberdes qual Ă© a esperança do chamado que Ele vos fez (…)” (Ef 1.17-19).
É necessário dar sentido e significado Ă noção de autoridade do professor em sala de aula, a fim de mobilizar todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizagem na escola bĂblica em torno de um propĂłsito divino e humano. Nesse sentido, Ă© importante distinguir entre significado e significante: enquanto o significado consiste nas palavras que usamos para expressar o que pretendemos comunicar, o significante Ă© a mensagem em si — neste caso, o evangelho, as boas-novas.
A autoridade do professor em sala de aula na escola bĂblica implica, entre outras variáveis, no exercĂcio da liderança, na capacidade de tomar decisões, trabalhar em equipe e dialogar com seus pares. Trata-se de qualificações essenciais e indispensáveis ao exercĂcio da regĂŞncia. Tratase de uma autoridade fundamentada nas Escrituras, que visa Ă transformação de vidas.
Reconheço que conhecer as Escrituras com rigor e profundidade, bem como ter capacidade de leitura e interpretação exegĂ©tica, Ă© condição essencial para alcançar o reconhecimento da autoridade em sala de aula na escola bĂblica. Percebe-se que o professor nem sempre tem noção de que Deus lhe confere um tipo especĂfico de autoridade para exercer a missĂŁo de ensinar as Escrituras. Mas esse Ă© um assunto para outro ensaio acadĂŞmico.
Considerou-se, neste ensaio, que a autoridade do professor em sala de aula possui diferentes caracterĂsticas inerentes ao seu papel na prática da escola bĂblica. Ressaltou-se que essa autoridade somente poderá ser exercida na relação do professor com Deus e com o prĂłximo, com aqueles sobre quem Deus lhe permite ser bĂŞnção.
AUTORIDADE DO PROFESSOR EM SALA DE AULA. Conhecendo a Deus e fazendo sua vontade
Pr. Genivaldo Félix
Imaginar que alguĂ©m possa ser professor em uma sala de aula da escola bĂblica, no contexto da igreja local, Ă© um privilĂ©gio e uma grande responsabilidade. Entre as muitas responsabilidades do professor, destaca-se a preparação do plano de aula — prática essencial e diretamente ligada Ă natureza da regĂŞncia em sala. Lecionar em uma classe de escola bĂblica Ă© uma vocação sĂ©ria, e, nesse sentido, destaco trĂŞs aspectos distintos e interligados que considero fundamentais para conhecer a Deus e fazer a Sua vontade.
1. Preparação espiritual: buscando a presença de Deus
O primeiro passo em direção à autoridade em sala de aula é, antes de tudo, a preparação espiritual. O professor precisa buscar a presença e o conhecimento de Deus com sabedoria e discernimento espiritual, à luz das Escrituras. É necessário “ouvi-lo quando Ele se dirige a você”, viver uma vida de oração e total dependência divina. Trata-se da natureza do serviço cristão piedoso:
“Mas nĂłs nos consagraremos Ă oração e ao ministĂ©rio da palavra” (Atos 6.4). Assim, o professor serve Ă comunidade cristĂŁ como um verdadeiro discĂpulo do Mestre. Jesus mesmo nos ensinou a buscar ao Pai em oração. Essa preparação espiritual Ă© imprescindĂvel para que o professor tenha autoridade diante dos seus alunos. Afinal, nĂŁo basta nos preocuparmos apenas com a forma de ler a BĂblia, mas com o fato de que ela precisa, de fato, ser lida — e vivida.
2. Fundamentação nas Escrituras: a Palavra como regra de fé e prática
O segundo passo consiste em fundamentar a prática educativa nas Escrituras. Isso implica ser ensinável, alguĂ©m que aprende constantemente com a prĂłpria Palavra, e que dá testemunho da revelação viva e ativa de Deus. A BĂblia Ă© a Ăşnica regra de fĂ© e prática do professor cristĂŁo. A autoridade do educador bĂblico nasce da fidelidade Ă Palavra e do compromisso com a verdade nela revelada. Sem esse fundamento, nĂŁo há ensino que transforme nem autoridade que edifique.
3. Comprometimento com o ministério educativo da igreja
Em terceiro lugar, o professor com autoridade Ă© aquele que prepara suas aulas com dedicação, reconhecendo-se como parte integrante de um projeto educacional cristĂŁo mais amplo. Ele entende que está inserido em uma matriz curricular centrada nas Escrituras, e que sua função na igreja vai alĂ©m da transmissĂŁo de conteĂşdo: ele edifica vidas. É indispensável que esse professor tenha um senso de pertencimento Ă igreja local, que nĂŁo seja neĂłfito, e que esteja em constante amadurecimento espiritual. Sua trajetĂłria reflete uma vida de aprendizado contĂnuo, sustentada por experiĂŞncias com Deus e por uma caminhada sĂłlida na fĂ©.
Esses sĂŁo passos importantes para conhecer a Deus e fazer a Sua vontade. A autoridade do professor na escola bĂblica possui, sim, um caráter didático-pedagĂłgico, mas sua essĂŞncia Ă© profundamente espiritual. Ela nasce de uma vida de santificação, oração e comunhĂŁo com Deus. O professor que deseja ter autoridade precisa investir tempo com o Senhor, conhecer a natureza e o caráter de Deus — seus atributos comunicáveis (como o amor, a justiça e a santidade) e seus atributos incomunicáveis (onisciĂŞncia, onipresença e onipotĂŞncia).
É impensável ensinar as Escrituras sem conhecer a Deus e fazer a Sua vontade. Quem negligencia esse conhecimento, caminha em trevas, tropeçando pela vida. A verdadeira autoridade Ă© aquela que se edifica sobre as Escrituras e sobre a comunicação fiel da Palavra: “No princĂpio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princĂpio com Deus” (JoĂŁo 1.1-2). Concluo este ensaio reafirmando que a autoridade do professor na escola bĂblica está em conhecer a Deus e fazer a Sua vontade, transformando vidas por meio da preparação espiritual, do estudo e leitura das Escrituras, e de uma vida de oração e total dependĂŞncia do EspĂrito Santo.
AUTORIDADE DO PROFESSOR EM SALA DE AULA. Uma reflexĂŁo necessária e possĂvel de se fazer
Pr. Genivaldo Félix
Neste quarto e Ăşltimo ensaio sobre a autoridade do professor em sala de aula, pretendo tratar de trĂŞs assuntos delicados, tais como: a falta de disciplina na leitura e no estudo sistemático das Escrituras — em outras palavras, estamos ensinando as Escrituras a pessoas que nĂŁo leem; a infrequĂŞncia por parte da membresia na escola bĂblica, causando um esvaziamento intencional; e a dificuldade que alguns professores tĂŞm em interpretar as Escrituras e aplicá-las Ă sua realidade do dia a dia.
Reconheço que o paradigma de ensino que temos adotado nĂŁo favorece o desenvolvimento do protagonismo dos alunos em sala de aula, mas sim a passividade. O modelo da aula expositiva exige do professor certo domĂnio do conteĂşdo bĂblico e das tĂ©cnicas de ensino propostas nas lições. Nesse formato, o professor permanece em pĂ©, no centro da sala, expondo a lição. Aparentemente, os alunos nem sempre leem a lição com antecedĂŞncia, o que dificulta a prática docente. Ou seja, sem uma participação efetiva dos alunos, a tendĂŞncia Ă© que eles dependam exclusivamente do professor para aprender as Escrituras.
Outro fator já mencionado refere-se Ă infrequĂŞncia na escola bĂblica, o que dificulta acompanhar o desenvolvimento espiritual da membresia. Em algumas igrejas, os crentes fazem uma escolha entre participar da escola bĂblica ou do culto dominical. Existem exceções — nem todos tĂŞm esse comportamento — mas Ă© um problema recorrente. AlĂ©m disso, muitos alunos nĂŁo sabem bem o que fazer com o que estĂŁo aprendendo, se Ă© que, de fato, estĂŁo aprendendo. Por outro lado, o professor, por vezes, demonstra pouca preocupação com a aprendizagem de seus irmĂŁos, tratando-os como meros coadjuvantes, em vez de protagonistas.
Creio que o professor pode inverter essa lógica. Para isso, é necessário um maior comprometimento da membresia com o processo de aprendizagem das Escrituras. Sem dúvida, essa realidade já tem mudado em diversas igrejas, à medida que se dá visibilidade ao que Deus tem feito por meio da vida, do testemunho e do ministério de pessoas obedientes ao chamado de ensinar as Escrituras.
Percebe-se que esses e outros fatores interferem, direta ou indiretamente, na prática do professor em sala de aula. Nesse contexto, a curiosidade bĂblica Ă© inibida; repete-se a mesmice de tĂ©cnicas didáticas; o desinteresse pela leitura e estudo das Escrituras cresce — e tudo isso afeta a saĂşde da igreja, tornando-a infrutĂfera, o que contribui para o aumento do analfabetismo bĂblico. É necessário reverter essa realidade, começando pelo resgate da autoridade do professor como um dos mediadores ou facilitadores do processo de ensino-aprendizagem na escola bĂblica.
É possĂvel que nĂŁo estejamos vivenciando uma crise de autoridade professoral, mas sim uma crise paradigmática na educação cristĂŁ em nossas igrejas. Entendo que os papĂ©is de professor e aluno, embora complementares, sĂŁo, no entanto, marcadamente distintos. Aqueles que ministram as Escrituras possuem o dom e a autoridade divina para ensinar, aprender a aprender, aprender a pensar e aprender a pesquisar com autoridade em sala de aula.
Considero que Deus concede dons espirituais para a edificação da igreja, o Corpo de Cristo, e para o aperfeiçoamento dos santos na proclamação do evangelho. Por isso, o professor em sala de aula não pode renunciar a sua autoridade. Ele é um instrumento de Deus, e, por isso, espera-se que se dedique de coração e mente ao ministério do ensino das Escrituras na igreja, para a glória de Deus — até que Jesus volte!
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